Ao  contrário do que se pensa, o Candomblé é uma religião monoteísta, ou seja, seus  fiéis acreditam em um único Deus Supremo, chamado por muitos nomes em virtude de  contrações e adaptações das línguas africanas, principalmente o Iorubá. Os dois  nomes mais conhecidos do Ser Supremo são Olodumare e Olorum. A palavra Olodumare  é contração das palavras Ol' (oni) odu mare (ou ma re ou mo are). A palavra Ol'  (oni) significa senhor, parte principal, líder absoluto, chefe, autoridade. Odu  traduz-se como algo muito grande, um recipiente profundo, algo muito extenso,  pleno. A parte final do nome Olodumare parece ser originada tanto de mare  (aquele que é absolutamente perfeito, o supremo em qualidades), quanto das  combinações ma re (aquele que permanece, aquele que sempre é) ou mo are, que é  aquele que tem autoridade absoluta sobre tudo o que há no céu e na terra e é  incomparável. Já o nome Olorum é resultado da contração de Ol' (oni) e Orum, que  quer dizer céu, designando o Senhor do Céu.
 Olodumare não  recebe cultos diretamente, porém sempre que uma divindade é cultuada em suas orações é lembrado à Olodumare  para que aceite o pedido. Assim, Olodumare  é infinito, ou seja, tem todas as perfeições em sumo e ilimitado grau.
A natureza é um conjunto indivisível no qual tudo está contido- a totalidade do universo está presente em todas as partes e em todos os tempos que possam ser considerados. Sem dúvida alguma, existe uma interação completa e misteriosa entre todos os elementos do universo e essa interação une o universo numa única totalidade.
 A natureza é um conjunto indivisível no qual tudo está contido- a totalidade do universo está presente em todas as partes e em todos os tempos que possam ser considerados. Sem dúvida alguma, existe uma interação completa e misteriosa entre todos os elementos do universo e essa interação une o universo numa única totalidade.
Assim como nas demais religiões monoteístas, segundo  o Candomblé, Olodumare criou o mundo material e tudo que está nele, inclusive o  homem. Para ajudá-lo nessa tarefa, Olodumare criou também os Orixás, forças  sobrenaturais que habitavam o Orum (Céu) e se concretizaram associados às forças  da natureza e seus elementos, manifestando-se através desses.
Lenda da criação do mundo:
Conta a lenda que no princípio dos tempos existiam  dois mundos: o Orum, espaço sagrado dos orixás, e o Aiyê, espaço dos seres  vivos. No Aiyê primitivo só existia água. Um dia Olodumare resolveu recriar o  espaço para a humanidade que também criaria. Incumbiu, então, seu filho  primogênito, Orixalá (o nome mais sagrado de Oxalá) da execução dessa tarefa.  Entregou-lhe uma cabaça contendo ingredientes especiais: a terra escura inicial,  a galinha de cinco dedos, uma pomba e um camaleão. A terra escura deveria ser  lançada sobre a imensidão das água  . A galinha de cinco dedos deveria ir  ciscando a terra para alargá-la o mais que pudesse. A pomba, ao voar, orientaria  a extensão da terra expandida e criaria o ar. E o camaleão, atento a tudo,  observaria a execução da tarefa atribuída a Orixalá, para reportar os fatos a  Olodumare. Assim foi explicado e, com seu cajado (opaxorô) e a cabaça da  criação, Orixalá iniciou sua caminhada do Orum para o Aiyê. Passou por Bará  (Exu) e não pagou as oferendas devidas, mesmo tendo consultado Ifá e sabendo que  devia fazê-lo. Em conseqüência disso, no meio do caminho Orixalá sentiu-se  cansado e com sede. Parou para descansar, bebeu um pouco de emu (vinho da  palmeira do dendezeiro) e, embriagado, adormeceu. Seu irmão caçula, Oduduà (mais  um nome da família de Oxalá), tendo-o seguido, recolheu a cabaça da criação e  levou a notícia do ocorrido a seu pai, Olodumare, pedindo a ele que o deixasse  cumprir pelo irmão aquela tarefa de grande importância. Olodumare concordou e,  enquanto Orixalá dormia, Oduduà criou a terra dos seres vivos. Depois de a  galinha ciscar a terra, a pomba orientar a expansão do ar e o camaleão, que deu  origem ao elemento fogo, verificar se a tarefa fora cumprida, surgiu a terra  firme ou Ilê Ifé (que no idioma yorubá significa "terra que foi sendo ciscada").  Orixalá então, vendo o mundo pronto, mostrou-se arrependido do seu ato de  irresponsabilidade perante o pai. E, para que não se sentisse tão humilhado   Olodumare lhe deu outra tarefa de tanta importância quanto a primeira: a de criar o homem que habitaria o Aiyê.  Orixalá usou o barro e a água para esculpir bonecos inanimados de todas as  formas e de todas as cores. Olodumare, então, soprou a vida nas narinas dos  bonecos de barro, criando os seres humanos. Esse sopro da vida é chamado pelos  yorubás de emi. Estavam então criados o mundo e o homem.
 
 
