quarta-feira, 28 de março de 2012

Agenda para Abril de 2012

Dia 07 de Abril: Roda de catiços das 19:00 às 22:00 hs aproximadamente. (aberto)

Dia 14 de abril:  Presentes no Ajodun de Pai Edson com a presença de Baba Pecê no Asé Pioneiros em Campo Grande M.T.

Dia 21 de Abril: Roda de catiços das 19:00 às 22:00 hs aproximadamente. (aberto)


*Os demais finais de semana se destinam aos trabalhos internos do Ilê, consultas de clientes novos com hora marcada, atendimento especializado aos amigos da casa e estudo por parte dos filhos desta.
*Em trabalhos abertos com catiços, o visitante deve trazer o material do mesmo para a consulta, tais como as bebidas, os cigarros e um maço de velas, de acordo com a Entidade. Qualquer informação ligar para  (065)9933-0914.
*Lembrando que consultas com catiços em particular e jogo de búzios "somente com hora marcada", aos finais de semana durante todo o dia e durante a semana após as 18:00 hs.

Artigo sobre Intolerância Religiosa

Por que falar sobre intolerância religiosa ressaltando a fragilidade e ignorância daquele que quer através de sua religião subalternizar e demonizar a fé do povo negro? Esse texto relata a tolerância não apenas religiosa das(os) africanas(os) e das/dos afrodescendentes, mas a tolerância em termos gerais que vem a partir da inventividade. A tolerância é a maior forma de resistência ao racismo.
Fazendo isso ressalto a inteligibilidade das (os) africanas(os) e afrodescendentes num sentido amplo. Mostra-se também a capacidade da (o) africana (o), das(os) afrodescendentes e religiosas(os) candomblecistas em fazer contato, incorporando, interagindo e se integrando a outra cultura sem ferir nenhum princípio filosófico religioso alheio. É digno de nota que a incorporação e interação entre culturas e religiões tradicionais africanas sempre foi uma constante, visto que o islã e a igreja católica estão presentes na sociedade africana há séculos.
As pessoas devotas da religião de matriz africana estão livres das doutrinas que excluem, oprimem e discriminam. Tomo como exemplo nesse momento o exercício da tolerância dos(as) africanos (as) e afrodescendentes na terra brasilis com a prática do candomblé e da Santeria cubana a qual não tratarei aqui, mas posso dizer que, quanto ao espaço pode se adequar em suas casas templos em lugar do terreiro. Nessas duas devoções existe respeito por todas as pessoas independente de crenças religiosas, opção sexual e cor. Não tinha analisado o termo intolerância numa perspectiva de tolerância até ser tocada pelo Professor e Pesquisador da Universidade Federal do Recôncavo Baiano, Prof. Dr. Emanoel Luís Roque Soares. Termo que tomo de empréstimo para explicar que, a partir da compreensão de nossa tolerância podemos trilhar o caminho do debate tangível à religiosidade afro-brasileira em prol do respeito à nossa própria religiosidade.
O professor Emanoel no seu texto ‘Tolerância do Africano à Afrodescendência’ explica que o seu texto é um mosaico produzido a partir de sua tese. Ele trata explicitamente da tolerância da(o) negra(o). Inicia sua narrativa exemplificando e explicando a tolerância natural do africano a partir de um fato concreto a seguir. O Daomé, atual Benin, por um longo período ficou sem rei e recorreu ao reino estrangeiro de Ilê Ifé para realizar o casamento de uma
jovem de seu povo com um soberano estrangeiro, o que virou tradição promovendo troca de valores.
O islã é uma religião praticada nos países do norte africano, contudo é digno de nota que o islamismo é incorporado às religiões tradicionais africanas. O catolicismo desde o século XV é conhecido no Congo, Angola entre outros também com aceitação dos soberanos locais. Santa Efigênia e Santo Elesbão, são santos católicos africanos. Kimpa Vita no Congo e a rainha Nzinga em Angola se converteram ao catolicismo. A primeira criou o antonionismo se insurgindo contra a colonização, tendo como pena a morte na fogueira, e a segunda livrou Angola do jugo
português conseguindo desestabilizar estrategicamente o tráfico de africanos daquela região para o Brasil.
Notadamente os africanos/as têm contato com religiões exógenas antecedendo a invasão
colonial. É notável que o interesse religioso vindo de fora tem cunho político e econômico, em favor de um sistema capitalista que desde então se estrutura metamorfoseando-se tornando-se desumanizante, predador e etnogenocida em termos gerais. Mas pela religiosidade enraizada a(o) africana(o) resignificou o islã e o catolicismo incorporando o que lhe convinha dessas religiões para a sua profissão de fé. Isso é tolerância. Vejamos o seguinte nos versos da música ‘A Mão da Limpeza’ do cantor e compositor baiano Gilberto Gil,
O branco inventou que o negro/ quando não suja na entrada, vai sujar na saída, ê! Imagina só. Na verdade a mão escrava/ passa a vida limpando/ o que o branco sujava. Ê! Imagina só! [...] Mesmo depois de abolida a escravidão/ Negra é a mão, de quem faz a limpeza./ Lavando a roupa encardida, esfregando o chão./ Negra é a mão, é a mão da pureza. /Negra é a vida consumida ao pé do fogão./ Negra é a mão, nos preparando a mesa./ Limpando as manchas do mundo com água e sabão. /Negra é a mão, de imaculada nobreza [...].
Esse é uma atitude tolerante ao desrespeito do(a) indivíduo branco(a) que se intitulou superior ao negro. A mão-de-obra, as orquestras, as mães de leite, os trabalhadores, os especialistas na arte do ferro, agricultura, pecuária, costura entre outros ofícios eram afrodescendentes. O/A negro/a com toda a desumanidade que lhe foi imposta não se negou a servir, mesmo se rebelando, mesmo se aquilombando, mesmo resistindo de todas as formas. Veja-se que os quilombos sem restrições recebiam negros, índios e brancos pobres.
A africanização das festas católicas é um dado inegável. Na Bahia, por exemplo, outra atitude de tolerância. As festas religiosas como a de Iemanjá, do Nosso Senhor do Bonfim, reverênciando Oxalá, na qual a Lavagem do Bonfim se tornou notória, popular e reconhecida internacionalmente. A de Nossa Senhora de Santana, o povo de santo reverencia Nanã; e Santa Bárbara, o povo de santo lembra Iansã. Isso quer dizer que tolerando o racismo anti-negro que fere com ferro e fogo a religião afro-brasileira ainda assim reverencia os santos católicos não os confundindo e se serve das benesses do catolicismo.
No caso de Nossa Senhora da Boa Morte e Nossa Senhora da Glória na Festa da Irmandade da Boa Morte, em Cachoeira, Bahia. O que as mulheres da irmandade fizeram com a crença católica e como a africanização se explica dessa forma: Catolicamente falando, Nossa Senhora não morreu foi assunta ao céu. Na religião de matriz africana a morte não existe e sim a passagem de um plano físico, material, do Aiyê, para o plano invisível, o Orun. Nada melhor do que reverenciar Nossa Senhora da Boa Morte e Nossa Senhora da Glória vencendo a morte e aplicar ao princípio da ancestralidade, onde a morte inexiste. Além do princípio da circularidade onde a energia retorna para Deus, o supremo. É ingenuidade pensar que os negros/as estavam convertidos a qualquer religião. Eles e elas resignificaram a sua prática religiosa e incorporam o que se afinava à religião tradicional africana. Isso é tolerância religiosa.
Em Salvador os africanos malês foram acolhidos pela irmandade do Rosário dos Pretos na ocasião da Revolta dos Malês. De acordo com o Júlio César, Prior da irmandade da Boa Morte isso se explica da seguinte forma:
Líderes mulçumanos fugidos das perseguições dá própria igreja católica e do império eles vão se abrigar na igreja do Rosário dos Pretos. Que aí que tem uma coisa muito interessante na festa de Nossa Srª do Rosário, que é agora em outubro. Nafesta de confraternização é servido um escaldado de bacalhau, e esse escaldado de bacalhau é servido com toucinho. O escaldado de bacalhau leva uma peça de toucinho, toucinho de barriga. Aí todo mundo pergunta por que que leva toucinho, aí a gente explica. Que na época depois da revolta dos malês muitos deles entraram na irmandade, mas a igreja católica tava de olho pra ver se tava praticando a fé cristã ou a islâmica dentro da igreja, e pra provar que não estava se praticando a fé islâmica colocava um peça de toucinho, que mulçumano não come derivado de porco, não é isso? Então se colocava aí foi uma estratégia muito interessante não é? Mas isso não quer dizer que os que estavam lá dentro da Irmandade não faziam suas práticas mulçumanas dentro de suas casas. Que D. Ivone que é uma irmã nossa que tá com 88 anos, o bisavô dela era um negro malê e ela tinha as orações, ela doou as orações para os pesquisadores Caetano Monteiro, ele escreveu um livro [...] malês ela coloca essas orações que o avô dela tinha guardado, em árabe, um árabe arcaico que nem hoje os próprios árabes não conseguem identificar e ai ela guardava isso e você sente a presença mulçumana dentro da irmandade.[2]
Note-se que mesmo assim a igreja católica estava em alerta para a conversão forçada de quem frequentava a irmandade, o que não enfraqueceu a fé de nenhum devoto no candomblé.
De acordo com Emanoel em Cachoeira depois de inicado/a o ebômim vai assistir a uma missa na igreja de Nosso Senhor dos Passos e em Salvador na Igreja do Nosso Senhor do Bonfim. Outro dado marcante é na África se reverenciava cada orixá em sua terra, povoado ou cidade, em local específico, a exemplo de Xangô em Oyo, Oxóssiem Ketu. O Candomblé, não existia na África, é uma ressignificação da religião tradicional africana, inventado no Brasil e consegue reunir os orixás e ancestrais em um só território, o terreiro, dada à necessidade de recuperar os laços familiares consanguíneos perdidos no tráfico negreiro criminoso. É outro sinal de tolerância não só dos africanos, mas dos ancestrais e dos seres divinizados que os acompanhou até o Brasil. Incorpora-se ao candomblé o culto ao índio, os caboclos, o que significa reverenciar os ancestrais e donos da terra.
A prática da religiosidade africana não conhecia o xirê, momento em que os orixás são reverenciados nas festas públicas de candomblé. De acordo com Soares (2011, p. 22) o xiré
É a ordem das músicas executadas pela orquestra ioruba, formada por três atabaques, rum, rumpi, lé, e mais o agogô. Na execução das músicas forma-se uma grande roda onde as ou os ebômim, filhos e filhas de santo, entram em transe recebendo os Orixás, donos da sua cabeça, para em seguida, vesti-los, com suas cores e insígnias, sempre dançando e cantando.




No candomblé
[...] os orixás de grupos étnicos diferentes dançam juntos consagrando, assim, a mistura de raízes africanas, formando um areligião tipicamente brasileira, todos convocados por Exu, que foi alimentado no Padê, para promover este encontro, esta transformação mágica que é recontar os mitos e reencontrar os tempos ancestrais. (SOARES 2011, p. 23)
Para explicar a acomodação da religiosidade tradicional africana no Brasil observemos o seguinte exemplo, Emanoel (2011, p. 24) explicita que Iemanjá era cultuada no afluente do rio Ogum e no Brasil passou a ser cultuada nas águas salgadas, sendo a mãe das águas do Atlântico, dona da cabeça da humanidade, equilíbrio mental dos homens e mulheres, festejada em todo o país além de ser a mãe de todos os homens e mulheres.
Emanoel ainda registra o desaparecimento de alguns orixás a exemplo de Oco, que era pai da agricultura na África, sem registro no Brasil. O culto a Orumilá desaparece ficando o seu atributo divinatório por conta dos babalorixás e ialorixás assessorados por Oxum e Exu. Segundo Soares (2011 apud Prandi, p. 25) não se manteve como na África os alassains, grupo de curadores herboristas, que no Brasil se restringiu apenas à colheita de folhas e o curandeirismo ficou atribuído aos pais de santo. No entanto, o culto de Ossaim se assemelhou aos dos demais orixás, inclusive se manifestando. Iroco que na África era o nome de uma árvore grande, no Brasil se transforma num orixá se manifestando e recebendo oferenda. Nessa esteira os Exus ganham versões femininas Maria Padilha e Pombagira alteração da língua banto Bombogire.
Ainda no que tange á tolerância. Jean Rouch grava na Nigéria o documentário ‘Os Mestres Loucos’. Nele se destaca uma cerimônia anual, o ritual do culto Hauka, em Accra. É um filme com cenas fortes, onde ocorrem possessões de espíritos de alguns personagens coloniais como: o governador, o doutor, a mulher do capitão, o general, o condutor da locomotiva, o cabo de polícia. Ve-se aqui que não existe nenhum a resistência à incorporação de personificações representativas da colonização.
A Tolerância acontece num espaço de contato com o outro. É uma atitude ativa, aparentemente pacífica onde as(os) africanas(os) e afrodescendentes no Brasil e em Cuba não se submeteram. Estrategicamente realizaram os seus desejos se utilizando do artifício da tradição oral. Transformou, acomodou, incorporou, complementou e resiste enfrentando os colonizadores que tomaram como base a desqualificação, potencializando sua supremacia, se utilizando da intolerância, hegemonia, e fundamentalismo impondo sua crença na tentativa de submeter o outro pela fé. (SOARES 2011, p. 28). Segundo Soares (Op. Cit.) essa estratégia é exuriana pela qualidade de comunicação. As igrejas estão aí e precisamos estar estrategicamente atentos e fortes porque a religião também é objeto do mercado capitalista. As igrejas não descansarão diante da necessidade de converter em fiéis tantos quantos forem necessários para sobreviverem na sua fé em detrimento à destruição da fé do outro, no que precisamos estar alertas! Enfim a tolerância é a força do afrodescendente e da sobrevivência da religiosidade afro-brasileira.


(Rosivalda Barreto -texto retirado do blog "Religiões Afro Brasileiras e Política")

terça-feira, 27 de março de 2012

Cais do Valongo


"Com direção do cineasta Wavá de Carvalho, o documentário "Cais do Valongo, Sangra da Terra" promete ser um dos marcos de resgate da nossa real história de miscigenação racial e trazendo para as telas explicações muito diferenciadas".



segunda-feira, 26 de março de 2012

Canções , Primeira Parte



Maria Bethânia: "Salve as Folhas":


          Maria Bethânia:  "Canto de Oxum":
                                       

     Daniela Mercury: "Oyà por nós":


Daniela Mercury: "Ilê  Pérola Negra":



                   Matheus Aleluia e Thalma de Freitas :"Cordeiro de Nanâ":

 

Adriana Moreira :"Oxossi"




sexta-feira, 23 de março de 2012

Atlântico Negro: Na rota dos Orixás

Para quem ainda não teve a oportunidade de assistir ou para quem deseja matar a saudade deste documentário esplendoroso!


"O documentário Atlântico Negro: nas rotas dos Orixás, é um filme que retrata a importância do continente Africano na construção da sociedade brasileira. Esta estruturação cultural mostra a semelhança existente entre estes povos, dentre estes laços: a religiosidade, a musicalidade, a fala, hábitos alimentares, a estrutura familiar e as manifestações culturais.
Durante as cenas do filme são desconstruídas visões etnocêntricas e de censo comum sobre o continente Africano. A idéia de um território que vive em constante estado de guerras étnicas e civis, de fome e total miséria é desmistificado para mostrar o lado cultural da África que deu origem ao candomblé. Essa representação cinematográfica nos dimensiona a entender o início da mercantilização africana e de como a escravidão se tornou uma mera desculpa para a propagação das guerras civis, iniciando assim um intercâmbio biológico, econômico e cultural entre Brasil e África.
Nota-se, que ter um outro olhar da África nos ajuda a compreender a nossa própria história, tanto nos hábitos sociais, quanto nos costumes oriundos desta terra quase que desconhecida. Tendo a perspectiva que a cultura africana não é a unicamente baseada na história colonial e no expansionismo europeu, a África com reinos e império possui suas formas particulares de governar e agir como povo. A reconstrução da histórica africana nos permite entender como a escravidão se promulgou pelo espaço geográfico e social do Brasil, dissipando as misturas biológicas que originou a miscigenação nacional e a diversidade religiosa presentes nos terreiros de candomblé como o: ilê aié axé opô ofonjá e casa branca.
Todo o tema abordado no documentário, abre um leque de oportunidades para entender melhor a África e o Brasil e conhecer também que existe uma troca cultural entre os dois lugares referidos. Compreendendo que o retorno dos africanos escravizados para o continente de origem, representou também a ida de valores culturais, morais e sociais brasileiro como: a construção da igreja e da festa do Senhor do Bonfim, a construção (mesmo que em pequena escala) da arquitetura brasileira em solo africano e a vestimenta feminina das mulheres agudás. Além de entender que mesmo depois da escravidão, a cultura brasileira continua sendo preservada por este povo que se denominam brasileiros, mesmo tendo nascido em solo africano.
Esta perspectiva mostra a construção de nossas raízes, ajudando a fazer paralelos que melhorem o entendimento dessas aplicações no Brasil. Hoje em pleno século XXI a forma de vida dos afro-descendentes tornou-se uma luta política e social que visa a reparação da escravidão que aconteceu no país. Entretanto, este documentário ressalta a trajetória africana como um continente repleto de etnias e formas de vidas variadas, desconstruíndo a visão eurocêntrica e religiosa da igreja católica que foi desenvolvida na história ao longo dos séculos."
(Ari Costa Junior)


quinta-feira, 22 de março de 2012

Poema "Mãe Água..".

"Mãe Água

Água minha
água viva, eu sua filha
eu sua amiga
te canto essa cantiga
me banho em tua sina
Batismo meu
vizinha da montanha
alma desejada dos desertos
dona da vida
majoritária do planeta cujo nome é terra
carne de minha letra
lagoa seca de minha pedra
Madrinha de minha canoa
onda, silêncio, curso, margem, viagem, garoa
sou eu quem te chama, água
sou eu quem te inflama
Água, quantas vezes me fervo em ti me comovo
meu amor, meu temor, meu tesouro
tudo em mim em tuas caudalosas mãos ebule
tudo em mim é,
em ti expande, alvoroça, arde, evapora
Xícara, pressão panela e bule
Tudo onde comece e dure
há de por ti passar, gerar acontecer-se
Todo cacto é mundo silencioso e grávido de ti
Todo toró, todo rouxinol
caiu ou voou alguma vez em tua razão ou em teu nome
Todo ciclone te imita em balé e espiral
do movimento da onda
da intimidade do mar
É lá que todos os ventos se veem e se fazem
Sempre
Não é uma etapa
nem é uma fase
é dever de casa de Deus, é exercício eterno, é bênção de aprendizado e modo
portanto oásis
é lá que se fazem eficazes
todas as peripécias do ar
É onde o vento se sente menos anônimo e se pode menos ausente,
menos fantasma, menos transparente.
Ó água do rio e do mar, tu és quem o torna visível e decente.
Olha-se pra água, logo se diz:
hoje há um forte sudoeste.
Em ti, rainha, tudo transparece.
Água nossa de cada dia
Nada existe à tua revelia
nada há que não beba, sorva, respire e exista sem tua companhia:
Neném homem mulher criança marido amante
tudo nasce do caldo fertilizante de tua substância
nada, nenhum lugar, nenhum inhame, nenhuma instância é possível
sem tua semelhança
tua consistência fluida, tua abundância
Sangue, saliva, suor, urina, afluentes e o Amazonas
Sêmen, lágrimas vaginais, orvalho e Tejo
Tudo isso eu invejo
Coriza tempestade inundação ressaca enchente
Por tudo isso eu rezo
Ó Mater, Ó redoma
A tudo isso eu temo

Água, rainha do mundo
Vós que nos circulai veia artéria e matrona
Poupai-nos de sua ira
Por todos os peixes que pescamos
Por todas as pérolas
Por todas as ostras das quais nos enfeitamos
Por todas as poluições onde nos traímos e nos acabamos
Perdoai-nos
Limpai-nos de nós o vosso mar
Yemanjá afastai-nos errantes ingratos do vosso altar
Mas não lambei com vossa vasta molhada língua o nosso lar
nosso castelo de areia
Oh Sereia
Não deixai que em ti seja pecar.
Ontem me contaram que o mar o que quer escolhe
o que não quer devolve
e aquilo que deseja engole
Água, imperatriz da prole
Oxum do juízo, dos seixos, dos estilos das estações
usai nossos perdões para salvar-nos
Conchas caracóis areias e similares
fofoquem com os oceanos
confabulem com as algas
façam lobby com outros mares
pra que cada folha d'água
cada pingo cada enseada, angra açude igarapé
seja água firme, terra firme e dê pé

Água vida minha
Saúde
Útero e ataúde
que tua raiva em barrancos
que a riqueza e seus avanços
que a pobreza e seus tamancos
sejam do mundo a mulher
Igual a ti
melhorada de ti, lavada de ti
Purificado macaco
Purificada Eva
Purificado Adão
A humanidade seja a consciência de Noé:
metade saltimbanco limpo e solto
outra metade fé."

(escrito por Elisa Lucinda)

Repassado  pela amada Lia de Oliveira!


quarta-feira, 21 de março de 2012

As Senhoras do Pássaro da Noite

"As Senhoras do Pássaros da Noite – Quando se pronuncia o nome de Iyá-Mi Oxorongá, quem estiver sentado deve-se levantar, quem estiver de pé  fará uma reverência, a quem se deve apreço e acatamento.
- Jorge Amado -"
Iyá-Mi Oxorongá (Iyá-Mi Osorongá) é a síntese do poder feminino, claramente manifestado na possibilidade de gerar filhos e, numa noção mais ampla, de povoar o mundo. Quando os Iorubas dizem “nossas mães queridas” para se referirem às Iyá Mi, tentam, na verdade, apaziguar os poderes terríveis dessa entidade.
Donas de um axé tão poderoso como o de qualquer Orixá, as Iyá-Mi tiveram o seu culto difundido por sociedades secretas de mulheres e são as grandes homenageadas do famoso festival Gèlèdè, na Nigéria, realizado entre os meses de Março e Maio, que antecedem o início das chuvas do país, remetendo imediatamente para um culto relacionado à fertilidade.
As iyá-Mi tornaram-se conhecidas como as senhoras dos pássaros e a sua fama de grandes feiticeiras associou-as à escuridão da noite; por isso também são chamadas Eleyé, e as corujas são os seus principais símbolos.
A sua relação mais evidente é com o poder genital feminino, que é o aspecto que mais aproxima a mulher da natureza, ou seja, dos acontecimentos que fogem à explicação e ao controle humano. Toda a mulher é poderosa porque guarda um pouco da essência das Iyá-Mi; a capacidade de gerar filhos, expressa nos órgãos genitais femininos, assustou sempre os homens.
As mães são compreendidas como a origem da humanidade e o seu grande poder reside na decisão que tomar sobre a vida de seus filhos. É a mãe que decide se o filho deve ou não nascer e, quando ele nascer, ainda decide se ele deve viver.
Iyá-Mi é a sacralização da figura materna, por isso o seu culto é envolvido por tantos tabus. O seu grande poder deve-se ao fato de guardar o segredo da criação. Tudo o que é redondo remete ao ventre e, por consequência, às Iyá-Mi. O poder das grandes mães é expresso entre os orixás por Oxum, Iemanjá e Nanã Buruku, mas o poder de Iyá-Mi é manifesto em toda a mulher, que, não por acaso, em quase todas as culturas, é considerada tabu.
As denominações de Iyá-Mi expressam as suas características terríveis e mais perigosas e por essa razão os seus nomes nunca devem ser pronunciados; mas quando se disser um dos seus nomes, todos devem fazer reverencias especiais para aplacar a ira das Grandes Mães e, principalmente, para afugentar a morte.
As feiticeiras mais temidas entre os Iorubas e no Candomblé são as Àjé e, para se referir a elas sem correr nenhum risco, diga apenas Eleyé, Dona do Pássaro.
O aspecto mais aterrador das Iyá-Mi e o seu principal nome, com o qual se tornou conhecida nos terreiros, é Oxorongá, uma bruxa terrível que se transforma no pássaro do mesmo nome e rompe a escuridão da noite com o seu grito assustador.
As Iyá-Mi são as senhoras da vida, mas o corolário fundamental da vida é a morte. Quando devidamente cultuadas, manifestam-se apenas no seu aspecto benfazejo, são o grande ventre que povoa o mundo. Não podem, porém, ser esquecidas; nesse caso lançam todo o tipo de maldição e tornam-se senhoras da morte.
O lado bom de Iyá-Mi é expresso em divindades de grande fundamento, como Apaoká, a dona da jaqueira, a verdadeira mãe de Oxóssi. As Iyá-Mi, juntamente com Exú e os ancestrais, são evocadas nos ritos de Ipadé, um complexo ritual que, entre outras coisas, ratifica a grande realidade do poder feminino na hierarquia do Candomblé, denotando que as grandes mães é que detém os segredos do culto, pois um dia, quando deixarem a vida, integrarão o corpo das Iyá-Mi, que são, na verdade, as mulheres ancestrais
.O  propósito da sociedade G È L È D È é propiciar os poderes míticos das mulheres, cuja a boa vontade deve ser cultivada porque é essencial a continuidade da vida para esta sociedade.
Sem o poder feminino, sem o princípio de criação não brotam plantas, os animais não se reproduzem, a humanidade não tem continuidade. Assim, o princípio feminino é o princípio da criação e preservação do mundo: sem a mulher não existe vida, sendo, segundo os mitos, ser reverenciada e respeitada pelos orixás e pelos homens.
. Através das Ìyámì (mães ancestrais) a arte das máscaras é usada para aglutinar as pessoas que se relacionam como filhos de uma mesma mãe, fazendo com que o espírito se manifeste através desta máscara, seguindo e alimentando o espírito humano.
Através das ÌYÁ as comunidades - terreiros se constituam num verdadeiro sistema de alianças. Desde a simples condição de irmão de santo até a mais complexa organização hierárquica, há o estabelecimento de um parentesco comunitário, como uma recriação das linhagens e da família extensiva africana. Os laços de sangue são substituídos pelos de participação na comunidade, de acordo com a antigüidade, as obrigações e a linhagem iniciática. Todos estão unidos por laços de iniciação às divindades cultuadas, aos demais iniciados, às autoridades, aos antepassados e aos ancestrais da comunidade. 
Através do rito se tem todo um sentido de manifestação das mulheres do grupo: rodando, dançando, se integrando com o cosmos, mostrando que temos consciência de que somos elementos dinâmicos, de que o movimento da roda - já que as mulheres são os elementos que dançam em círculo - representa o altar da criação, da vida, já que a terra está em movimento, o universo está em movimento e só se conseguirá estar em sintonia com o universo através do movimento.
G È L È D È é originalmente uma forma de sociedade secreta feminina de caráter religioso, existente nas sociedades tradicionais yorubás , que expressam o poder feminino sobre a fertilidade da terra, a procriação e o bem estar da comunidade. 
O culto Gèlèdè visa apaziguar e reverenciar as mães ancestrais para assegurar o equilíbrio do mundo.
O culto anual de È f é -G è l è d è , originário da cidade de Ketu, é organizado no começo da estação agricultural exatamente por uma importante questão dentro da cultura Yorùbá - a Fertilidade. Este culto se organiza da seguinte forma- sua parte diurna é exatamente Gèlèdè  e sua parte noturna é Èfé ( o pássaro ). .
Segundo um itan as 7 ávores das Ìyámìs seriam:
Orobo - Garcinea Cola
Àjànrèré - Ficus Elegans
Iroko - Chlorophora Excelsis
Orò - Antiaris Africana
Ogun Bereké - Delonex Régia
Arere - Triplochiton Nigericum
Igi ope - Elaeis Guineensis

Porém outro itan nos da outra apresenta uma relação diferente das sete árvores estas seria as árvores sagradas das Mães Ancestrais:
Ose - Adansanonia Digitalia
Iroko - Chlorophora Excelsis
Ìyá - Daniellia Olivieri
Asunrin - Erythrophelum Guineense
Obobo - Não identificada
Iwó - Não identificada
Arere - Triplochiton Nigericum

São detentoras de poderes terríveis,consideradas as donas da barriga(por onde circularia a energia vital do corpo) Ninguém pode com seus ebós ,dos quais, o Òjijì (sombra) é o mais fatal.São ligadas diretamente ao ODU ÒYEKU MEJI, propiciam a alteração do destino de uma pessoa. Seus poderes são tamanhos que só se consegue no máximo apaziguá-las, vence-las jamais. Relacionam-se com as ìyámìs Òsum Ijumu e Òsum Ìyánlá a quem estão ligadas pela ancestralidade feminina, bem como a Yemanja Odúa, considerada fundadora do culto GÈLÈDÈ.
Afirma a tradição que as Ìyámí segue o rastro do sangue do fígado e do coração.   
Òrúnmìlà foi o único òrìsà que quando as ìyámí estavam zangadas conseguiu apaziguar sua fúria e desta forma salvou o àiyé e restabeleceu a Harmonia, entre os Homens e Mulheres. Toda mulher é uma Ajé,porque as Ìyámí controlam o sangue menstrual elas representamos poderes místicos das mulheres no seu aspecto mais perigoso. São as Avós,as mães em cólera que em sua boa vontade a
própria vida na terra não teria continuidade.
Orúnmilà lhe outorgou o poder do pássaro contido numa cabaça (ìgbá eléye ) e ela se tornou então,através do poder emanado de Olódùmarè, Iyá Won,nossa mãe para eternidade (também chamada de Ìyámí Òxòròngà, minha mãe Òxòròngà)
.

(  Texto de O Candomblé- Ellegua)

sexta-feira, 16 de março de 2012

Sobre um Candomblé Familiar...

Estava lendo um artigo que me chamou a atenção em um blog, que falava sobre Candomblé familiar, e confesso que gostei muito , o Zelador nele contava, como foi de suma importância em sua formação religiosa, o ambiente em que cresceu dentro do Candomblé,  de um terreiro de fundo de quintal. De como tinha um convívio maravilhoso com os seus irmãos e de como sentia a pureza aflorar de toda aquela simplicidade. Desabafou também em seu artigo que casas assim quase não existem mais...que hoje em dia a fé se confunde com o dinheiro... e que a nossa religião por conta disso não atinge as classes sociais mais baixas. Estava disposto a recomeçar, preocupado com a felicidade de seus seguidores e com sua qualidade de vida, valorizando sempre o respeito acima de tudo. Me emocionei com a iniciativa deste Zelador de São Paulo ( Obàtundè), e ratifico as suas palavras neste sentido. Ainda existem sim, casas que são verdadeiras "famílias" e que por amor aos orixás, ainda cultuam o santo sem deturpações. Eu mesma antes de escolher qual seria o meu caminho tive que peneirar dentre muitos lugares por onde passei e só hoje me encontro satisfeita com o meu Zelador e este Asé. Mas lendo o artigo inteiro, não concordamos em todos os aspectos, porque acredito que em seu interior, todo Zelador, mesmo vendo nascer a sua casa de forma humilde, sonha em ver crescer a sua raiz, sonha em construir algo melhor para a sua família, como um pai com seus filhos carnais. Candomblé de fundo de quintal ainda continua sendo Candomblé, de raiz, se feito com amor, e o Candomblé de uma casa que se expandiu porque o seu Zelador sonha em dar o melhor para si , seus filhos e seus orixás também, sem preconceitos. A casa de Ogum também almeja crescer, e está aos poucos crescendo, sem perder a fé, a pureza e o amor e espero que em nossa árdua caminhada isso jamais se perca. A única coisa que me deixa triste é ver que muitos ainda acham que axé se mede por tamanho, que quantidade significa qualidade e que em vez de olharem para dentro de si mesmos preferem perder seu tempo julgando a fé alheia. Aos que vierem, sejam bem vindos, e que Ogum e Oxum possam acolher a todos os que enxergarem esta casa com os olhos do coração. Obrigada ao Zelador Obàtundè pelas sábias palavras de inspiração.  Asé. Ekedy Mariana de Osum


quarta-feira, 14 de março de 2012

Ekedi, Ajoiè, Iyarobá, Makota







Dentre os cargos femininos na hierarquia do candomblé no Brasil, o mais conhecido é da EKEDI/AJOIÉ/IYAROBÁ/MAKOTA ,como os ogans, elas não são possuídas por seu orixá de cabeça, ou seja não entram em transe, pois necessitam estar acordadas para atender as necessidades dos Orixás. A palavra "ajoié" é correspondente feminino de ogan pois, a palavra ekedi, ou ekejí, vem do dialeto ewe, falado pelos negros fons ou Jeje.
Portanto, o correspondente yorubá de ekedi é ajoié, onde a palavra ajoié significa "mãe que o orixá escolheu e confirmou".
A ekedi na maioria das casas também é chamada de mãe, exerce a função de dama de honra do Orixá regente da casa. É dela a função de zelar, acompanhar, dançar, cuidar dos apetrechos do Orixá da casa, além dos demais Orixás, dos filhos e até mesmo dos visitantes. também cuida dos objetos pessoais do babalorixá ou iyalorixá.
 O cargo de ekedi é muito importante, pois será ela a condutora dos orixás incorporados e dela é a responsabilidade de recolhê-los e “desvirá-los”, observando as condições físicas daqueles que “desviraram”. São escolhidas do orixá, e pelo orixá.

Uma ekedi tem o direito a uma cadeira no barracão. Deve ser sempre chamada de "mãe", por todos os componentes da casa de orixá, devendo-se trocar com ela pedidos de bençãos. Os comportamentos determinados para os ogãs devem ser seguidos pelas ekedis.
 Uma ekedi também é porta-voz do orixá em terra. É ela que em muitas das vezes transmite ao babalorixá ou yalorixá o recado deixado pelo próprio orixá da casa.
No candomblé do Engenho Velho ou Casa Branca, as "ajoiés" são chamadas de ekedis. No Gantois, e no Osumaré, de "Iyárobá". Já na nação de Angola, é chamada de "Makota de Angúzo".
Ela deve cuidar da comunidade de forma respeitosa e igualitária. São importantíssimas no decorrer de qualquer cerimônia, elas devem aprender a cantar, dançar, os oros, as folhas, os rituais, e tudo o que seu zelador/a ensinar para dar o apoio necessário. Ser ekedi é motivo de grande felicidade e respeito aos compromissos e tradições da casa . Mas no seu posto ela só vai realmente ser respeitada quando mostrar aos seus filhos, que eles têm nela uma mãe de fato.
 Ekedi é mãe por excelência mas não quer dizer que terá que ser sempre boazinha, pelo contrário, a boa ekedi repreende, orienta, dá carinho, enxuga a lágrima e o suor, enfim ser ekedi é muito mais que ficar “pajeando” o zelador (pai ou mãe-de-santo) dando cafezinho na bandeja de prata e copo de cristal, isso é vassalagem e não cabe nas funções da ekedi.
Estar sempre pronta a atender quando for necessitada, ter humildade, não abusar do fato de ter certas regalias, e sim seguir o exemplo de seu Zelador tanto na casa de santo como fora dela .

"Ser ekedi é ser amor...
É ser os olho do(a)
Zelador(a),
A cantiga, a palavra e a
Compreensão
Ser ekédi é ter o coração
Preenchido de,
Infinito amor, respeito
E zelo..
É ver a criança nascer...
Fecundar, cuidar...
Sob os seus abraços...
Um laço de vida e
Esperança..
A força, a fé e a magia
De cada orixá
É ser abençoada por
E escolhida para
Dar continuidade...
É ser o doce gesto, o
Eterno acalanto, a mão
Que orienta, e conduz...
Luz infinita no exercício
Impecável de ser..
Mãe...
Que o plano que reside
Acima de nós
Para sempre nos orientar,
Guiar e proteger,
Para que nossas atitudes
Dignifiquem cada
Gota de energia de
Cada filho que nos é
Entregue, nos braços, e
Que seus abraços
Representem à mágica
Troca na expressão
Infinita
Do verbo “amar” !!"

(Texto de Savalu, o Reino dos Voduns)

Homenagem à Rosa do Morro


"A mulher e a rosa

A vida é tão calma,
A noite é serena,
Porque choras tanto,
Enxuga teu pranto,
Formosa morena.
Será de alegria,
Quem sabe é desgosto,
O pranto que eu vejo,
Rolando em teu rosto,
Mulher tuas lágrimas,
Caindo na estrada,
Fizeram nascer a rosa encarnada..."
(David Nasser)


Rosa do Morro, tamanha beleza mal cabe dentro de si, nem tamanha gratidão deste Ilê por ter a Senhora em nossa companhia...Iyarobá Mariana de Osum e Babalorisá Wender de Ogum



sábado, 10 de março de 2012

Orixá Oxalá, o Pai

OXALÁ é o detentor do poder procriador masculino. Todas as suas representações incluem o branco. É um elemento fundamental dos primórdios, massa de ar e massa de água, a protoforma e a formação de todo o tipo de criaturas no AIYE e no ORUN. Ao incorporar-se, assume duas formas: OXAGUIÃ jovem guerreiro, e OXALUFÃ, velho apoiado num bastão de prata (APAXORÓ). OXALÁ é alheio a toda a violência, disputas, brigas, gosta de ordem, da limpeza, da pureza. A sua cor é o branco e o seu dia é a sexta-feira. Os seus filhos devem vestir branco neste dia. Pertencem a OXALÁ os metais e outras substâncias brancas.
Na África, todos os Orixás relacionados com a criação são designados pelo nome genérico de Orixá Fun Fun. O mais importante entre todos eles chama-se Orixalá (Òrìsanlà), ou seja, o grande Orixá, que nas terras de Igbó e Ifé é cultuado como Obatalá, rei do pano branco. Eram cerca de 154 Orixás Fun Fun, mas no Brasil e na Europa a quantidade reduz-se significativamente, sendo que dois, Orixá Olùfón, rei de Ifón (Oxalufã) e Orixá Ógìyán, o comedor de inhame e rei de Egigbó (Oxaguiã), se tornaram as suas expressões mais conhecidas.
A designação de Orixá Fun Fun deve-se ao facto de a cor branca se configurar como a cor da criação, guardando a essência de todas as demais. O branco representa todas as possibilidades, a base de qualquer criação. O nome Orisanlá foi contraído e deu origem à palavra Oxalá, e com esse nome o grande Deus-pai passou a ser conhecido no Brasil e na Europa. Todos os Orixás Fun Fun foram reunidos em Oxalá e divididos em várias qualidades das suas duas configurações principais: Òsálufón, Osagiyan, sendo este último, jovem e guerreiro, filho do primeiro mais velho e paciente.
Todas as histórias que relatam a criação do mundo passam necessariamente por Oxalá, que foi o primeiro Orixá concebido por Olodumaré e encarregado de criar não só o universo, como todos os seres, todas as coisas que existiriam no mundo.
O Alá representa a própria criação, está intimamente relacionado com a concepção de cada ser; é a síntese do poder criador masculino.
Ele representa a totalidade, o único Orixá que, como Exú, reside em todos os seres humanos. Todos são seus filhos, todos são irmãos, já que a humanidade vive sob o mesmo teto, o grande Alá que nos cobre e protege, o céu.

Características do filho de Oxalufã
O tipo físico de OXALUFÃ é frágil, delicado, friorento, sujeito-a resfriados. Compensa sua debilidade física com grande força moral, e seu alvo à realizar a condição humana no que tem de mais nobre. É fiel no amor e na amizade. Oxalufã é o poente.
Características do filho de Oxaguiã
O tipo OXAGUIÃ é um jovem guerreiro combativo. Normalmente tem boa aparência, podem ser altos, baixos, forte e magros, pois seu arquetipo não o traduz, não é agressivo nem brutal, teimosos, individualistas e altruístas. Não despreza o sexo e cultiva o amor livre. É alegre, gosta profundamente da vida, é falador, brincalhão e ao mesmo tempo teem muita seriedade e não perdoam a Injustiça. Ao mesmo tempo é idealista, defendendo os injustiçados, os fracos e os oprimidos. Orgulhosos, gostam da boa briga pela boa causa. Os seus pensamentos originais geralmente antecipam os da sua época. Ele é o nascente e o dono das manhãs.

 

A mulher de Oxalá

sexta-feira, 9 de março de 2012

Orixá Iroko, Senhor do Tempo

Iroko é um Orixá muito antigo. Iroko foi à primeira árvore plantada e pela qual todos os restantes Orixás desceram à Terra. Iroko é a própria representação da dimensão Tempo. Iroko é o comandante de todas as árvores sagradas.
Em todas as reuniões dos Orixás está sempre presente Iroko, calado num canto, anotando todas as decisões que implicam diretamente na sua ação eterna. É um Orixá pouco conhecido dos seres vivos ou mortos, nascidos ou por nascer. Toda a criação está nos seus desígnios.
É o Orixá Iroko, implacável e inexorável, que governa o Tempo e o Espaço, que acompanha, e cobra, o cumprimento do Karma de cada um de nós, determinando o início e o fim de tudo.
Conhecido e respeitado na Mesopotâmia e Babilónia como Enki, o Leão Alado, que acompanha todos os seres do nascimento ao infinito; cultuado no Egipto como Anúbis, o deus Chacal que determina a caminhada infinita dos seres desde o nascimento até atravessar o Vale da Morte. Também venerado como Teotihacan entre os Incas e Viracocha entre os Maias como o Senhor do Início e do Fim; também presente no Panteão Grego e Romano, onde era conhecido e respeitado como Cronus, o Senhor do Tempo e do Espaço, que abriga e conduz a todos inexoravelmente ao caminho da Eternidade.
É o Tempo também das mudanças climáticas, as variações do tempo-clima. Guardião das florestas centenárias é o coletivo das árvores grandiosas, guardião da ancestralidade.
Em África, a sua morada é a árvore iroko, Milicia excelsa (antes classificada como Chlorophora excelsa), chamada “amoreira africana” na África de língua portuguesa. É uma árvore majestosa, encontrada da Serra Leoa à Tanzânia, que atinge 45 metros de altura e até 2,7 metros de diâmetro.
No Brasil, onde essa árvore não existe, diz-se que Iroko habita a gameleira branca, Ficus gomelleira ou Ficus doliaria (também chamada figueira-branca, guapoí, ibapoí, figueira-brava e gameleira-branca-de-purga). Nos terreiros, costuma-se manter uma dessas árvores como morada de Iroko, assinalada por um “ojá” (laço de pano branco) ao seu redor.
Iroko representa a ancestralidade, os nossos antepassados, pais, avós, bisavós, etc., representa também o seio da natureza, a morada dos Orixás.
Desrespeitar Iroko (a grande e suntuosa árvore) é o mesmo que desrespeitar a sua dinastia, os seus avós, o seu sangue… Iroko representa a história do Ilê (casa), assim como do seu povo… protegendo-o sempre das tempestades.
Ao contrário da maioria dos orixás, este não costuma “baixar” nas festas de santo. É reverenciado por meio de oferendas à árvore que o representa. Os animais a ele consagrados são a tartaruga e o papagaio.
Iroko é um Orixá pouco cultuado  no Brasil , e os seus filhos também são muito raros. Os seus filhos, no entanto, são sempre muito protegidos pelo seu Orixá.

Características dos filhos de Iroko
Os filhos de Iroko são tidos como eloquentes, ciumentos, camaradas, inteligentes, competentes, teimosos, turrões e generosos.
Gostam de diversão: dançar e cozinhar; comer e beber bem.
Apaixonam-se com facilidade e gostam de liderar.
Dotados de senso de justiça, são amigos queridos, mas também podem ser inimigos terríveis, no entanto, reconciliam-se facilmente.
Um defeito grande, é o facto de não conseguirem guardar segredos.
Iroko Kisselé; Eró Iroko issó, eró!

 

quinta-feira, 8 de março de 2012

A mulher de Xangô

Orixá Xangô, a Justiça

Nem seria preciso falar do poder de Xangô (Sòngó), porque o poder é a sua síntese. Xangô nasce do poder morre em nome do poder. Rei absoluto, forte, imbatível. O prazer de Xangô é o poder. Xangô manda nos poderosos, manda em seu reino e nos reinos vizinhos.
Xangô gosta dos desafios, que não raras vezes aparecem nas saudações que lhe fazem seus devotos na África. Porém o desafio é feito sempre para ratificar o poder de Xangô.
Percebe-se que a imagem de poder está sempre associada a Xangô. Xangô é o rei que não aceita contestação, todos sabem de seus méritos e reconhecem que seu poder, antes de ser conquistado pela opressão, pela força, é merecido. Rei de Oyó. Persuadiu a todos não só por seu poder repressivo como por seu senso de justiça muito apurado.
Sua retidão e honestidade superam o seu carácter arbitrário; suas medidas, embora impostas, são sempre justas e por isso ele é, acima de tudo, um rei amado, pois é repressor por seu estilo, não por maldade.
 Ele expressa autoridade dos grandes governantes, mas também detém o poder mágico, já que domina o mais perigoso de todos os elementos da natureza: o fogo. O poder mágico de Xangô reside no raio, no fogo que corta o céu, que destrói na Terra, mas que transforma, que protege, que ilumina o caminho. O fogo é a grande arma de Xangô, com a qual castiga aqueles que não honram seu nome. Por meio do raio ele atinge a casa do próprio malfeitor.Tudo que se relaciona com Xangô lembra realeza, as suas vestes, a sua riqueza, a sua forma de gerir o poder. Xangô sempre foi um homem extremamente vaidoso, um amante irresistível e por isso foi disputado por três mulheres. Iansã foi sua primeira esposa e a única que o acompanhou em sua saída estratégica da vida. È com ela que divide o domínio sobre o fogo.
Oxum foi à segunda esposa de Xangô e a mais amada. Apenas por Oxum, Xangô perdeu a cabeça, só por ela chorou.
A terceira esposa de Xangô foi Oba, que amou e não foi amada. Oba abdicou de sua vida para viver por Xangô, foi capaz de mutilar o seu corpo por amor o seu rei.
Xangô decide sobre a vida de todos, mas sobre a sua vida (e sua morte) só ele tem o direito de decidir. Ele é mais poderoso que a morte, razão pela qual passou a ser o seu anti-símbolo.


Características dos filhos de Xangô
É muito fácil reconhecer um filho de Xangô apenas por sua estrutura física, pois seu corpo é quase sempre muito forte, com uma quantidade razoável de gordura, apontando a sua tendência à obesidade; mas a sua boa constituição óssea suporta o seu físico avantajado. Há também os magros e muito elegantes.
Com forte dose de energia e auto-estima, os filhos de Xangô têm consciência de que são importantes e respeitáveis, portanto quando emitem sua opinião é para encerrar definitivamente o assunto. Sua postura é sempre nobre, com a dignidade de um rei. Sempre andam acompanhados de grandes comitivas; embora nunca estejam sós, a solidão é um de seus estigmas.
Conscientemente são incapazes de ser injustos com alguém, mas um certo egoísmo faz parte de seu arquétipo. São extremamente austeros . Gostam do poder e do saber, que são os grandes objectos de sua vaidade. Um filho de Xangô está sempre cercado por amigos.

São obstinados, agem com estratégia e conseguem o que querem. Tudo que fazem marca de alguma forma sua presença; fazem questão de viver ao lado de muita gente e têm pavor de ser esquecido, pois, sempre presentes na memória de todos, sabem que continuarão vivos após a sua ‘retirada estratégica’.

 

terça-feira, 6 de março de 2012

Orixá Yemanjá, a Mãe das Águas

Yemanjá, por presidir à formação da individualidade, que como sabemos está na cabeça, está presente em todos os rituais, especialmente o Bori.
É a rainha de todas as águas do mundo, seja dos rios, seja do mar. O seu nome deriva da expressão YéYé Omó Ejá, que significa, mãe cujo filhos são peixes. No Brasil Yemanjá é cultuada nas águas salgadas, mas na sua origem, é de um rio que corre para o mar. Inclusive, todas as suas saudações, orikís e cantigas remetem a essa origem, Odó Iyà por exemplo, significa mãe do rio, já a saudação Erù Iyà faz alusão às espumas formadas do encontro das águas do rio com as águas do mar, sendo esse um dos locais de culto a Yemanjá.
Yemanjá é a mãe de todos os filhos, mãe de todo mundo. É ela quem sustenta a humanidade e, por isso, os órgãos que a relacionam com a maternidade, ou seja, a sua vulva e seus seios chorosos, são sagrados.
Yemanjá é o espelho do mundo, que reflete todas as diferenças, pois a mãe é sempre um espelho para o filho, um exemplo de conduta. Ela é a mãe que orienta, que mostra os caminhos, que educa, e sabe, sobre tudo, explorar as potencialidades que estão dentro de cada um.
 Yemanjá é a própria água, suas lágrimas transformaram transformar num rio que correu em direção ao oceano. Portanto, não é por acaso que as lágrimas e o mar tem o mesmo sabor.
Dissimulada, e ardilosa, Yemanjá faz uso da chantagem afetiva para manter os filhos sempre perto de si. É considerada a mãe da maioría dos Orixás. É o tipo de mãe que quer os filhos sempre por perto, que tem uma palavra de carinho, um conselho, um alívio psicológico. Quando os perde é capaz de se desequilibrar completamente.
Yemanjá é a mãe que não faz distinção dos seus filhos, sejam como forem, tenham ou não saído do seu ventre.


Características dos filhos de Yemanjá
São imponentes, majestosos e belos, calmos, sensuais, fecundos, cheios de dignidade e dotados de irresistível fascínio (o canto da sereia). São voluntariosos, fortes, rigorosos, protectores, altivos e, algumas vezes, impetuosos e arrogantes; têm o sentido da hierarquia, fazem-se respeitar e são justos mas formais; põem à prova as amizades que lhes são devotadas, custam muito a perdoar uma ofensa e, se a perdoam, não a esquecem jamais. Preocupam-se com os outros, são maternais e sérios. Sem possuírem a vaidade de Oxum, gostam do luxo, das fazendas azuis e vistosas, das jóias caras. Eles têm tendência à vida suntuosa, mesmo se as possibilidades do quotidiano não lhes permitem um tal fausto.
As filhas de Yemanjá são boas donas de casa, educadoras pródigas e generosas, criando até os filhos de outros (Omulu). Não perdoam facilmente, quando ofendidas. São possessivas e muito ciumentas.
São pessoas muito voluntariosas e que tomam os problemas dos outros como se fossem seus. São pessoas fortes, rigorosas e decididas. Gostam de viver em ambientes confortáveis com certo luxo e requinte. Põe à prova as suas amizades, que tratam com um carinho maternal, mas são incapazes de guardar um segredo, por isso não merecem total confiança. Elas costumam exagerar nas suas verdades (para não dizer que mentem) e fazem uso de chantagens emocionais e afetivas. São pessoas que dão grande importância aos seus filhos, mantêm com eles os conceitos de respeito e hierarquia sempre muito claros.
Nas grandes famílias há sempre um filho de Yemanjá, pronto a envolver-se com os problemas de todos. Fisicamente, os filhos de Yemanjá tendem a uma certa desarmonia no corpo. . São extrovertidos e sabem sempre de tudo (mesmo que não saibam).

 

segunda-feira, 5 de março de 2012

A mulher de Logun-Edé

Orixá Logun-Edé, o Príncipe da Floresta

Logun Edé (lógunèdè) é o orixá da riqueza e da fartura, filho de Oxum e Odé, deus da guerra e da água. É, sem dúvida, um dos mais bonitos orixás do Candomblé, já que a beleza é uma das principais características dos seus pais.
É um orixá do sexo masculino. Sua dualidade se dá em nível comportamental, já que em determinadas ocasiões pode ser doce e benevolente como Oxum e em outras, sério e solitário como Odé. Logun Edé é um orixá de contradições; nele os opostos se alternam, é o deus da surpresa e do inesperado.
A história revela que Odé, feliz pelo filho vindouro, declarou a Oxum o seu amor e pediu a ela posse do menino:
- Oxum, por amor a você, quero que Logun Edé fique comigo, vou ensiná-lo a caçar. Comigo ele aprenderá os segredos da floresta.
Mas Oxum também amava Logun Edé e por maior que fosse seu amor por Odé ela não poderia separar-se de seu filho então declarou:
- Logun Edé viverá seis meses com sua mãe e seis meses com o seu pai, comerá do peixe e da caça. Ele será Odé e será Oxum, mas sem deixar de ser ele mesmo, Logun Edé: um príncipe na floresta e um grande caçador!


Características dos filhos de Logun Edé
Os filhos de Logun Edé possuem as características de Oxum, ou seja, narcisismo, vaidade, gosto pelo luxo, sensualidade, beleza, charme, elegância. Tem também características em comum com Odé, ou seja, beleza, vaidade, cautela, objectividade e segurança.
No entanto, há características de Logun Edé que não pertencem nem a Oxum nem a Odé. Na verdade, ele reúne o arquétipo de ambos, mas de forma superficial. A superficialidade é a marca dos filhos de Logun Edé, porque eles, ao contrário dos filhos de Odé e de Oxum não têm certeza do que são nem do que querem. As qualidades de Oxum e de Odé amenizam-se em Logun Edé, mas, em compensação, os defeitos são exacerbados. Dessa forma, os filhos de Logun Edé são extremamente soberbos arrogantes e prepotentes.
Mas algo não se pode negar: os filhos de Logun Edé são bonitos e possuem olho-de-gato, algo que atrai e repele ao mesmo tempo. São mandões, os donos da verdade, os mais belos, cujo ego não cabe em si. Melhor não lhes fazer elogios em sua presença, a não ser que queira ver sua imensa cauda de pavão abrindo-se em leque. Quando têm consciência de que conseguem controlar os seus defeitos, os filhos de Logun Edé tornam-se pessoas muito agradáveis.
Os filhos de Logun Odé não andam! Pairam sobre o ar!

 

sábado, 3 de março de 2012

Orixá Oxum , a Dona da Riqueza


Na Nigéria, mais precisamente em Ijesá, Ijebu e Osogbó, corre calmamente o rio Oxum, a morada da mais bela Iyabá, a rainha de todas as riquezas, a protectora das crianças, a mãe da doçura e da benevolência.
Generosa e digna, Oxum é a rainha de todos os rios e cachoeiras. Vaidosa, é a mais importante entre as mulheres da cidade, a Ialodê. É a dona da fecundidade das mulheres, a dona do grande poder feminino. Dona do Ouro e da Riqueza.
Oxum é a deusa mais bela e mais sensual do Candomblé. É a própria vaidade, dengosa e formosa, paciente e bondosa, mãe que amamenta e ama, zelosa com seus filhos..
Oxum não vê defeitos nos seus filhos, não vê sujidade. Os seus filhos, para ela, são verdadeiras jóias, e ela só consegue ver seu brilho.
É por isso que Oxum é a mãe das crianças, seres inocentes e sem maldade, zelando por elas desde o ventre até que adquiram a sua independência.
Seus filhos, melhor, as suas jóias, são a sua maior riqueza.

Características dos filhos de Oxum
Dão muito valor à opinião pública, fazem qualquer coisa para não chocá-la, preferindo contornar as suas diferenças com habilidade e diplomacia. São obstinadas na procura dos seus objectivos.
Oxum é o arquétipo daqueles que agem com estratégia, que jamais esquecem as suas finalidades; atrás da sua imagem doce esconde-se uma forte determinação e um grande desejo de ascensão social.
 Gostam de festas, vida social e de outros prazeres que a vida lhes possa oferecer.Detesstam escândalos.
Não se desesperam por paixões impossíveis, por mais que gostem de uma pessoa, o seu amor-próprio é muito maior. Eles são narcisistas demais para gostar muito de alguém.
Graça, vaidade, elegância, uma certa preguiça, charme e beleza definem os filhos de Oxum, que gostam de jóias, perfumes, roupas vistosas e de tudo que é bom e caro. São sentimentais ao extremo.
O lado espiritual dos filhos de Oxum é bastante aguçado. Talvez por isso, algumas das maiores Yalorixás da história do Candomblé, tenham sido ou sejam de Oxum.