terça-feira, 3 de janeiro de 2012

ETUM " A Ave Sagrada"

"Etum" ou a Galinha D'Angola, é o elemento chave das cerimônias e da mitologia da criação do universo religioso do
Candomblé.
Aves rústicas e resistentes, as galinhas d’angola são fáceis de criar mas não
são boas chocadeiras. Sua carne é comparada à do faisão, nativa da África, também é conhecida no Brasil como galinhola,
angolinha, pintada ou guiné. Apesar de estar domesticada há bastante
tempo - foi trazida da África na época da escravidão -, a galinha-d'angola
preserva ainda alguns de seus hábitos selvagens. Anda em bandos e é muito
barulhenta: seu grito é inconfundível. Por isso, uma de suas
utilidades é como guarda: quando percebe a presença de estranhos ou qualquer
anormalidade, põe-se a gritar. Em relação às características físicas,
encontram-se três tipos. A mais comum é a pedrês - cinza com bolinhas brancas.
Existem ainda as inteiramente brancas e também a pampa, resultado do cruzamento
das primeiras. Com cerca de três meses, o macho já apresenta uma crista
pronunciada para a frente, como um chifre; na fêmea, essa crista é mais
arredondada.
CONVERSA ENTRE OBATALÁ E OXUM
Obatalá... Espera, Oxum! Não posso interferir no processo de vida e morte,
mas tenho, como tu mesma tens poderes para criar e consagrar símbolos que
perpetuem um ser. Que o represente em qualquer situação e que possa ser renovado
constantemente. Um símbolo vivo de alguém que já morreu! E este símbolo deverá
participar de todos os rituais em nossa honra! E representará, com sua presença,
não só a presença de seu pupilo, como também de todos aqueles que um dia
receberam o sagrado OXU, que estabelece a aliança firmada entre o iniciado e seu
Orixá! Um símbolo que possa representar também a Terra, onde habitam seus corpos
depois de levados por IKU! A GALINHA D'ANGOLA gritaram todos em unissono. Oxum
providenciou, imediatamente, uma galinha d'angola, que naquele tempo era
inteiramente preta, e Obatalá lá soprou sobre ela pó de efun, pintalgando-a de
branco, como hoje ela é. Oxum, então, modelou, com manteiga de orí da Costa, um
cone ao qual acrescentou diversos componentes mágicos, e fixo-o sobre a cabeça
da ave, dando a ela o status de ODOXU (aquele que possui OXU), que distingue os
iniciados no Culto dos Orixás. OBATALÁ sentenciou: A partir desse dia, serás
representado, em todos os rituais, por ETUM, a galinha d'angola. Qualquer ritual
em que ela não estiver presente, não será por nós validado. Esta ave é, a partir
de agora o símbolo dos iniciados do qual foste o precursor e , por isso nascerá
provida de OXU e da pintura de efun que é feita em minha honra! É por isso que,
ainda hoje, a galinha d'angola deve estar presente em todas as cerimonias em
honra aos Orixás, e uma parte dela compõe o OXU, que é colocado sobre a cabeça
do neófito na hora de sua iniciação.

( Igbadu - A Cabaça da Existência - Adilson de Oxalá)
(A
Galinha D'Angola - J. Flavio P. de Barros)