sexta-feira, 6 de abril de 2012

O Bom Filho de Santo


 Para ser tornar um bom filho de santo não basta ter só vontade, o bom filho age de acordo com a conduta da casa onde frequenta, não porque lhe é esperado ou exigido, mas por que honra os orixás acima de tudo e honra aqueles que lhe abrigaram em sua casa de axé, honra o seu Babalorixá ou Ialorixá. Independente de ser um abian (aquele que não foi iniciado ainda , sem obrigação) , um elegun ( ou yawo, : iniciado ), existem regras que devem ser seguidas , configurando em si, o "respeito" para com a sua religião  e a família de santo a qual você pertence. Ao novo filho que chega, será explicado e cobrado de forma gradativa as posturas , os nomes daquilo que ele está aprendendo, tudo de acordo com o tempo e com a dedicação do mesmo, sem esquecer que, a curiosidade em aprender , demonstra um ponto em  seu favor. Não devemos esquecer que mesmo os maiores e mais conhecidos nomes do Candomblé brasileiro também são filhos e filhas de alguém, e não se esquecem de reverenciar a sua origem.  Ekedy Mariana de Osum



O BOM FILHO
 "Ao chegar ao barracão, deve-se esfriar o corpo, que chega da rua "sujo" onde existem todo o tipo de energia negativa, sem fazer paradas, e sem bater papo, sem cumprimentos,, de cabeça baixa, o filho tira o seu banho previamente preparado e o toma, troca a sua roupa pela apropriada ao Candomblé e ao seu barracão.
Bater cabeça no axé,  e pro pai de santo, assim que se trocar, é o mínimo a ser feito.
Tomar a benção a TODOS os seus irmãos, sendo mais velhos e mais novos, de
acordo com a ordem iniciática. Agora sim, caso não haja nada em que se possa
ajudar (muito embora seja impossível, pois em uma casa de santo sempre tem algo
a ser feito), depois pode ir colocar a conversa em dia.
Se dormir no barracão deve levantar antes do sol, ou junto deste.
Não deve fumar na frente de Seu Zelador, e dos mas velhos que estejam em
sua casa, caso aconteça de ser visto, se desculpe.
Nunca fica de pé em frente ao seu Zelador e sim agachado, com a
cabeça baixa.
Nunca interrompa o Zelador quando estiver conversando com alguém.
Quando tiver visita no barracão (egbomis, ekedes, ogãs, zeladores), seja em
dia de festa ou em dia corriqueiro, é de bom-tom que os filhos se abaixem
próximo a ele para dirigir a palavra. Ai então disser AGÔ (Licença) e esperar
ele dizer AGÔ YA. E de cabeça baixa, falar com ele em tom de voz baixa.
Lembre-se que seu bom comportamento decorre a divulgação e o bom nome da casa.
Não deve falar mal da casa de santo (nem sua nem dos outros)
Não deve passar pelo seu pai de santo com a cabeça erguida, e sim um
pouco curvado para frente.
Só pode sentar em Apoti (Banquinho) mediante a autorização do seu
Zelador. (Somente raspados podem sentar em apoti)
Não deve sentar em soleira de porta.
Mulheres dentro do barracão sempre com o Ojá  (pano de cabeça) na cabeça, tirá-lo somente quando for bater a cabeça ao seu Zelador.
Não deve ser descortês, nem mesmo entre os irmãos e com
visitantes, e sim bastante paciente e educado.
Não deve impor seus desejos, nem mesmo entre os irmão de barco, seus
desejos ou vontades serão discutidos.
Não deve faltar com educação e cortesia para com todos aqueles que nos
batem a porta, seja ele conhecido ou não.
Não deve tornar publico as coisas que delas participarem em caráter de
segredo na casa de santo.
Não deve menosprezar os outros e nem se colocar em falso pedestal de
auto suficiente, e sim ser humilde.
Nunca, jamais, em tempo ou hipótese alguma, seja no seu barracão ou no
barracão do alheio, deve-se sentar na mesma altura que o seu pai de santo.
Ele já passou por vários sacrifícios para estar sentado confortavelmente
ali.
Você ainda está no meio do caminho. Portanto, pra que querer sentar aonde
você não alcança? Mesmo que o dono da casa chame , cabe a voce recusar.
Yawo e abian não bebem nenhum líquido em copo de vidro dentro de seu barracão
ou no barracão do alheio. Deve-se esperar o bom e velho copinho de
plástico ou então a conhecida DILONGA, BAN ou CANEQUINHA DE ÁGHATA, como você
preferir chamar. Copo de vidro só quem tem direito é egbomi, ekede,
ogan e zelador…
Terminou seu ajeum? Pegue seu pratinho e sua canequinha, e lave você mesmo, cada um deve se conscientizar e fazer a sua parte. Ficar protelando, esperando que algum irmão de santo se encha da bagunça e vá arrumar por você não tem cabimento. Cada um fazendo um pouco fica mais
fácil e rápido. Resolveu visitar o pai de santo? Ele adorará sua visita, ainda mais se você vier com uma modesta colaboração para o ajeum, pois como é do conhecimento de todos, o pai de santo não tem
obrigação de alimentar todo mundo. 
 Acabou de fazer todo o serviço? Bem, agora você pode pegar o seu maravilhoso APOTÍ e confortavelmente sentar-se nele. Como dissemos antes, cadeiras, sendo com ou sem braço, só
ebomis, ekedes, ogãs ou zeladores que podem sentar. Existe uma variável do
APOTI, que é a famosa ESTEIRA. Nela você pode se sentar, se espichar e até
relaxar seus ossos.
Em sua casa, quando você faz uma comemoração qualquer
e é servida uma refeição, você sai atacando o ajeum na frente de seus
convidados? Acreditamos que não, na casa de santo é igual.
Antes os mais velhos devem se servir, pra só depois os abians e yawos se
servirem. Isso é mais que uma regra é etiqueta. 
 Roupas emprestadas? Pois é, o pai de santo também não gosta. Portanto, que tal comprar
um belíssimo tecido de lençol e fazer uma baiana de ração básica pro
dia-a-dia? Não sai caro e fica uma gracinha. E você finalmente pára de pegar
a roupa do alheio emprestado
O sustento da casa são os clientes que
vão para jogar ou se consultar, pois é deles que vem boa parte do dinheiro dali.
Sorrir sempre e servir um copinho de café ou de água gelada não matam ninguém.
Casa de santo em dia de festa também funciona com ajuda financeira, existem despesas de gás, aguá, energia, alimento e bebidas em que vc pode ajudar, nas suas condições, sem se apertar. Contribua sempre que puder.
Economizar um pouco na Skol e no cigarro no final de semana já irá
ajudar muito no barracão, a vela que você acendeu também pode ser doada de acordo com as condições de cada um, o seu Zelador ainda não ganhou na mega sena para assumir sozinho todas as despesas da casa.  
Depois da festa, nada de ir pegando sua bolsa e ir saindo de
fininho, lembre-se da limpeza do barracão.   
 Casa de orixá é para louvar e cuidar do Orixá, e não para arrumar casório.
Dia de função do barracão não é dia de churrasco na casa dos amigos, peça para ele guardar uma carne para você e venha cumprir suas obrigações junto a seus irmãos.
Caso assista fora do seu barracão a algo diferente do que ocorre em sua casa, nada de  comentários. Você não é o dono da verdade e nem ninguém o é. O que pode
parecer maluquice pra você, pode não ser pro próximo. Não é errado, é diferente
de sua casa. Além do mais, comentários sempre são feitos depois.
Apelidos e avacalhações são da porta do barracão pra fora.
Roupa de barracão é saia comprida, camisú e pano da costa.
Quando for servir  algum mais velho de santo, deve-se levar o pedido numa bandeja ou prato e abaixar-se para servir. 
Benção foi feita para ser trocada. Sempre que você pede a benção, você está
na realidade pedindo a bênção ao Orixá da pessoa, e não a ela própria.
Ao sair do barracão, bater a cabeça novamente ao seu Zelador.
Lembre-se que não basta a vontade, é preciso ação"