sexta-feira, 16 de março de 2012

Sobre um Candomblé Familiar...

Estava lendo um artigo que me chamou a atenção em um blog, que falava sobre Candomblé familiar, e confesso que gostei muito , o Zelador nele contava, como foi de suma importância em sua formação religiosa, o ambiente em que cresceu dentro do Candomblé,  de um terreiro de fundo de quintal. De como tinha um convívio maravilhoso com os seus irmãos e de como sentia a pureza aflorar de toda aquela simplicidade. Desabafou também em seu artigo que casas assim quase não existem mais...que hoje em dia a fé se confunde com o dinheiro... e que a nossa religião por conta disso não atinge as classes sociais mais baixas. Estava disposto a recomeçar, preocupado com a felicidade de seus seguidores e com sua qualidade de vida, valorizando sempre o respeito acima de tudo. Me emocionei com a iniciativa deste Zelador de São Paulo ( Obàtundè), e ratifico as suas palavras neste sentido. Ainda existem sim, casas que são verdadeiras "famílias" e que por amor aos orixás, ainda cultuam o santo sem deturpações. Eu mesma antes de escolher qual seria o meu caminho tive que peneirar dentre muitos lugares por onde passei e só hoje me encontro satisfeita com o meu Zelador e este Asé. Mas lendo o artigo inteiro, não concordamos em todos os aspectos, porque acredito que em seu interior, todo Zelador, mesmo vendo nascer a sua casa de forma humilde, sonha em ver crescer a sua raiz, sonha em construir algo melhor para a sua família, como um pai com seus filhos carnais. Candomblé de fundo de quintal ainda continua sendo Candomblé, de raiz, se feito com amor, e o Candomblé de uma casa que se expandiu porque o seu Zelador sonha em dar o melhor para si , seus filhos e seus orixás também, sem preconceitos. A casa de Ogum também almeja crescer, e está aos poucos crescendo, sem perder a fé, a pureza e o amor e espero que em nossa árdua caminhada isso jamais se perca. A única coisa que me deixa triste é ver que muitos ainda acham que axé se mede por tamanho, que quantidade significa qualidade e que em vez de olharem para dentro de si mesmos preferem perder seu tempo julgando a fé alheia. Aos que vierem, sejam bem vindos, e que Ogum e Oxum possam acolher a todos os que enxergarem esta casa com os olhos do coração. Obrigada ao Zelador Obàtundè pelas sábias palavras de inspiração.  Asé. Ekedy Mariana de Osum